flautuar





mesmo todas as inutilidades do mundo
ou até aquelas pequeninas coisas
que inevitavelmente se preenchem —
e aos nossos dias de dias a dias
também precisam do olhar

um cuidado com os sonhos
estar de perto, querer ver, interver
até comer chão com os dedos, junto
estando, com ou sem pendenga, é verde no azul,
lua, cimento, entra, vai e fica, eis o entressonhar

como se faz amar-amor de distante?
nem deve ser brincar-presença, ou pique-escondendo
é preciso acalanto, sol quente, mesmo certo
aporrinhamento de estar, mas estar, só com, é que amar-amor —
e até desamor vem ser a qual coisa do tal olhar

ver-sorver-oferecer, até bolinar de sobressalto tem hora,
olha o deslimite que não ficou pronto ainda, criatura”
olhar até o desolhar, olhar de volta,
não tem jeito, o amor que deliciúra! —

flautuando, mas que coisa, só combina com pluriamar

Comments

  1. É isso, "até comer chão com os dedos"...

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  2. Sempre, G, que nem terra de parede, como a Rebeca, até-junto, se for, e sendo. É, como vejo sempre, e sinto, e trans-sinto, é o amor coisa de dobrar e desdobrar, redobrando, transluzindo... o olhar.

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