o tempo hoje, desde ontem,
me acordou sem zelo
confundindo-se? insensível
virando a esperança bem ponta-à-cabeça:
“não dê corda a desejo, coisa vã,
partituras de viagens — bagatelas! — só te sonham,
você estranha, estrangeira, mundo de medos, visíveis
limites, suas-muitas tolices, prioridades? — esqueça(-)se...”
então foi que acordei hoje fragilíssima, recrudescendo
uma noite, a de ontem, toda ela incompreensão
e eu só zelando pelo desejo, era só isso,
“de pessoinha-assim-de-província”, diriam
desejo bobo, que tenho há tempos:
só me via indo ver... e tocando... descobrindo...
proseando... em viagens — como se partituras,
rua abaixo, rua acima, lua... vontade-nota de estar com —
“ah, eu me estaria de nova york ou marrakech
pelo mesmo rodopio — famigeradas, eu faminta”
mas, de repente, ontem, pesou na mala
um coração que já viu tanto e, fim das contas, em raso viu
não revidei, contenda nem foi
só entristeci
“como é que alguém desentende a simplicidade
da gente assim? e desmerece a melhor faísca
fagulha mais pura.... de encantamento pelo transpassar?
mundo, mundo, os nossos tão diferentes mundos...”
nos despedimos aqui
sem mais miragens
nem devaneios
tudo okay, vou ao cinema, brasileiro mesmo
nunca entendi de red carpets, nem-nunca quis,
prefiro assim
não sinto sentido no sentir
sem a ranhura do simples
tudo certo, não me espere
não me importo
fico para trás.
Imagem: Part Blake, part Tolkien, all England... Landscape of the Vernal Equinox, 1943, Paul Nash
Música: Cristo redentor, Donald Byrd
"deliciúra", como diz você
ReplyDeleteque lindo que você está de volta
lindo poema, palavras que ardem
linda você
que já é, sozinha, obra de arte
arte em obra
dobras, redobras
em arte
que arde
e reluz
quero te encontrar de novo
em palavras, sonoridades
vamos, vamos?
que seja aqui em são paulo
ou vou até sua morada
guardo um livro pra te mostrar
viajemos nele, brindemos
e mais!
Ô-querida,
ReplyDeleteLindas palavras -- as de você! Sabe quando a gente fica vontadeando lua só pra temperar o silêncio com até-miragens? Me desarticularam -- as palavras, estas-aqui, suas. De um jeito bem bonito. Obrigada. É uma honra e uma mais-alegria te saber leitora (de novo, de volta, de sempre) destes meus rabiscos, traquinas, melindas, orquídeas. E, sim, gosto de imaginar que será -- este nosso reencontrar. Vou pensar nuns quandos. Faz o mesmo. Pensemos. Sua vinda-cá me trouxe um zelo... bem florido. Gratidão e um beijo de... bastantes sonoridades. Te poetando de volta o acarinhar. E também, tão bem: mais.
Já vou, então, pensar nos dias, certeza, os possíveis, que bom que vamos, que bom, obrigada, que sim. Ler aqui, de você, ler você é sempre uma delícia, Carol. E não esquece: quero te contar do livro guardado, só seu, aqui comigo, preciso te entregar. Conversemos sobre a sua escrita também, por favor. Você fala de zelo, em versos, fica bonito. Só saiba que ele, zelo, te merece no maior de todos os universos, e que você nunca deixe de escrever assim. Faz bem, enternece. Estremece. Boa semana, que seja toda de tessituras! Continuemos, um beijo, te cuida.
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