jornal de literatura e arte
número 3 | issue 3 | mai 2013
número 3 | issue 3 | mai 2013
Com alegria, mesmo euforia em
bastantes de vez esta, e por todo-um-sempre, redigo aqui o que disse logo-ali,
no editorial deste que é um presente pra gente, e não da gente pra, porque o Equador
das Coisas 3, sim e sim, abre-se todo em deliciúras pra nós todos... assim.
E foi-sendo então que...
Um
dos fascinantes – e famigerados – passos-traçados que nos oferta a literatura
de um escritor enorme como Ernesto Sábato é sua linda, deliciosa inquietude-boa
– diríamos, enfim, preocupação – com a leitura. Do lado de cá e de lá (porque
em Sábato há entrelaçares, e não dicotomias de excepcionices tolas), o leitor são mulheres e homens concretos em busca de
um-algum sentido para uma tão atarantada existência, bem sabemos, e também
aqueles todos-nós (anti-)heróis do dia a dia – em nossa pequenez, contida ou
esparramada vastidão, celeuma, destreza pouca ou nenhuma para enfrentar o que
quer que.
De
então que esse leitor, “que lleva las insignias de sus tribulaciones y
amarguras” e tantos-bocados de crueza e alegria, esse leitor transita entre o
possível e o indissociável (em)texto(s), diante dos ali (inter)(con)textos, e
eis que a ideia de obra aberta, retomada por Umberto Eco, transfigura com sensibilidade a
perspectiva plural e polissêmica dela, da leitura – esta que nos faz, em
inúmeros de nós, rearticular, enternecer, querer, ou pelo menos
desorientar-desconjuntando quadriculadinhos quaisquer... Não? Pois-sim, sim...
A
leitura tem, por enfins, uma função (onto-)gnosiológica em Sábato. O que equivale a cismar, dentre outros muitos
interstícios possíveis, que ela é energia a pôr giro-movimento em mãos e olhos
decerto maquinais (tempos nossos!), mas que inicialmente mãos e olhos e todo um resto de
sentido possível em nós – lembremos. Para além de processo semiótico, a
leitura é um acumulado de ir e vir e não poder ir – sociais. Está entranhada, neste portanto, de formas de
pedir, dizer e silenciar, dali pr’acolá – se fazendo e desfazendo e
refazendo... através do(s) sentido(s) posto(s) à pele... no outro... nela,
neles para deles mesmos, em nós.
O Equador das Coisas se inaugura segundo ano redizendo dela, da leitura. Da
beleza e da refulgência e dos embates-conflitos também por certo imbricados
para todos os cantos possíveis – quando lemos. Os entraves em que se esbarra
hoje em vazios “nos (in)corpora(tiva)ndo” como os nossos (infelizmente
ainda!), para que o acesso à leitura seja,
de fato, enorme e pleonasticamente irrestrito (por que não?), são lamentosos, claro. Há as antas
poderosas, sempre há, que temem os buracos de
fechadura se tornando gigantescos moinhos de vento e então convidando para o
confronto; sem falar nas titicazinhas e nos papagaios que, com os seus
faustosos “com o quê”, se fazem isso-que-por-certo-pouquíssimo... tais escritores-artistas. Pelo não e pelo sim,
ora-ora... Que a leitura, que a arte, que a literatura-enfim – é o nosso
desejo-cá – seja energia-orgânica a construir e desconstruir, ampliar, gerar,
titilar, abrindo, sempre abrindo... caminho para tão-tanto mais.
Que mais (pleonásticos) sem-fins de
miríades-gentes alcancem a leitura, a literatura, a arte. E se engalfinhem com
elas. E se lambuzem delas, se repimpem. Boa comilança a todos, e sigamos!
(E feliz e bonita e sempre-leitura pra nós, Equadores!
Tim-tim!)
Tim-tim! ;-)
ReplyDeleteEm tempo: Boas Festas e um 2014 cheio de ficção ou ficcionismos e equadores e… Grande abraço!
ReplyDeleteÔ, minha querida, também a ti, que de muitos equadores ficcionistas! Te abraço com carinho-além, sempre-sempre, Helena... sim-sim e tim-tins!
ReplyDelete